sexta-feira, 7 de novembro de 2008



u m p o e m a


do Tucunduba ao Estige
a cidade despeja sua dose noturna de poezia e lixo

sob os flancos de Santo Alexandre
a menina chupa uma pica infecta
a cena suga como Verbo
ingere
digere
e
gera
a espinha dorsal da vida
enquanto
o poeta
joga migalhas para as estátuas do Pomar Invisível


poema extraído do livro inédito Possuído ou a Diluição de Lorena, a ser editado em jan/2009 pela Editora Amazônia

sábado, 1 de novembro de 2008

nesta cidade em Outubro sorteia-se imagens de Maria

para não arrefeceres a este Deus te devotas à ciência das noites antes da partilha do Fogo – apenas tua imensa força interior tua águia e tua serpente fazes da solidão tua lavoura retens nos olhos alvoradas invencíveis


agora queres circundar-te de poezia cravejado de todos os vícios ouvir a música do Tempo montar o corcel de Morfeu experimentar outra vez

ao chegar com os grãos olhas demoradamente: a Eternidade apresenta o instinto que sempre negaste: o de não-ser mas todo - tu és no entanto te pesa a cabeça pensa eis teu próprio Inferno: podes requerer o outro que teu rosto forjará no espelho matinal

quando a noite chega - sem ninguém vagas por incêndios amazônicos

nas mãos um livro um golpe uma lira

reflexão e ato: em nome da verdadeira transmutação dos valores devíeis pensar: ele está no meio de nós

degolado